if I was no longer queen
(parte II)
__Ou talvez tivesse apenas acordado, pensou ela. O fato é que, fora do trono, já não era mais o centro. Nem das atenções, nem das censuras. Continuava deitada, a nova perspectiva a deixara no início de tudo e não podia se mover, pois não sabia começar. Ver mais que apenas uma platéia esperando seus deslizes a ensurdecia e, aos poucos, sentia-se começar uma sabotagem de sua própria respiração. Depois de tanto tempo como reflexo dos outros, não queria nem o ar que lhes valia. E assim foi entrar num estado que podia ser qualquer coisa, menos consciente. Sentia um abalo, que emanava de um centro e terminava nos pulsos. Sentia, pela primeira vez, cada batida do músculo em seu peito oco. E sentia dor. Ela... ela sentia.
__Mas quão incômodo era sentir... de repente, tinha um universo dentro de si, mais precisamente, parecia ter um mundo na garganta. E toda a amargura do sentir confundia a recém-descoberta parte doce de ser. Talvez a vida fosse mais fácil quando tudo se resumia a reclinar a cabeça e sorrir. Definitivamente, era bem mais fácil, só não era vida. A possibilidade de remendos e de uma volta à sua sobrevida era totalmente afastada quando sentia o líquido quente pulsar nas pontas os dedos. No mais intenso sentido da palavra, deliciava-se na própria consternação.
__Sentou-se, então, e ficou mais um tempo voltando-se para dentro a olhar seus joelhos feridos. Eram as marcas da queda, o físico daquilo tudo. Decidiu que ali também não era o seu lugar... não no chão. Que fosse caminho, mas nunca destino. Apertou as mãos nos olhos como se isso pudesse segurar toda lágrima que insistia em cair. Começava a se afogar no desespero de descobrir como ser sem descobrir o que ser.
(continua... de novo).
(hihihi, nem ligo se to enrolando).
(a próxima vai ser pequenininha).
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