Ele vem.
Sinto na pele seus sinais. Entrando devagar pelos poros e enchendo o peito ao avesso. O medo. Hora de se instalar na esquina, prazo padrão.
Seis meses ou duzentos e quarenta e poucos dias, depende de quando a gente começa a contar. Pode ser do dia que você anunciou que eu era sua ou do dia em que já sabíamos quem éramos um do outro. Não importa a contagem, o tempo é esse agora em que ouço algumas frases repetidas no eco de todos os meus anos. Desaprendi a respirar desde o domingo em que não batemos de carro. Te olho com olho de bicho assustado porque espero o tiro, o passo, a deixa. É agora ou espera mais um pouco?
É o mar se recolhendo devagar da areia. Vai o peito esvaziando a falta de ar e é tanto amanhã que já me começa a faltar. Toda aquela coleção de lembranças do futuro que você desenhou na minha frente. Aquelas coisas que eu nunca quis e que tanto já me fazem falta.
Recuo porque não sei o tamanho da onda.
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