Era terça-feira quando nos sentamos no frio da cozinha e
aquecemos tomando sopa com colher de sobremesa. Você não sabe e nem meus olhos
poderiam te segredar o desespero do grito paralisado na garganta desse dia. Meus
ossos continuavam pressionados contra cadeira, mas meu peito se debatia contra
a pele para fugir. Nada me denunciava porque pairava a serenidade da colher
afundando vagarosamente na cumbuca. E eu era a serenidade, atriz.
Levei as mãos à boca num susto de menina quando você apontou
o nariz pra baixo olhando o que sobrou no prato. E ali fiquei, exasperada,
ferida, apavorada. Recebi um amigo adolescente que tem me feito companhia
quando sento em meus silêncios. Ando pela rua acompanhada desse medo louco de ter me
apaixonado por você. Mais uma vez.
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