9.12.11

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     A caixa de entrada, vazia. A caixa de mensagens, vazia. A caixa de correio, a caixa de bilhetes, a caixa de chamadas, a caixa de cartas de outrora, vazias. Era vazio atrás de vazio e todos os dias ao escovar os dentes frente ao espelho pedia a Deus – não, ao universo, não, a qualquer força, energia ou crença reconfortante superior – que os vazios acumulados não o preenchessem por completo.
     Entendeu o desespero dele? Diferente do silêncio, não há paz no vazio. Há a suspensão de tudo que não foi dito, pensado, sentido. E talvez também a de tudo que foi. Há espera, há ponte. Alguns vazios trazem vácuo e vão sugando para si tudo o que não se enquadrava antes no buraco negro de plano microscópico. Outros vazios são como os pequenos poros dos tecidos: deixam ir passando o ar. O problema é quando você tem que segurar as lágrimas, digo, a água!, o vaziozinho é suficiente para deixá-la passar sem perceber. De vazio em vazio, a gente fica cheio.