20.6.14

encrenca.

lembro do instante exato em que você percebeu que eu poderia ser mais do que aquela presa noturna. era o pânico invadindo seu rosto de menino grande. veio com uma pontada de tristeza. engraçado como a gente leu os olhos um do outro desde a vez em que você invadiu o meu espaço e me rodopiou pra roubar um pouco de atenção. eu entendi tudo o que você me disse sem abrir a boca.

te chamei de medroso uma vez e você me atacou com cócegas até que eu não pudesse mais respirar. eu sabia que era a sua confissão. a gente sabia juntos que não ia conseguir equilibrar na borda de qualquer coisa rasa aquela sensação de que o mundo podia acabar no encaixe das costas e no encontro dos quadris. nos diminuímos diariamente porque existia um terror compartilhado. aquele medo de deixar pra trás essa solidão a que já nos acostumamos. que "com a gente, não era pra ser assim".

mas quando a sua felicidade me invadia por dentro, parecia que sempre deveria ter sido plantada ali. entendi que você me queria ao lado pra ver o jogo do barcelona e pensava em mim todo domingo de manhã, de tarde, de noite. só que o silêncio assusta, então tive medo de ficar. [a questão do delivery]. no último dia, decidir não ir e você demorou 13 horas pra permitir minha partida.

(e ainda hoje, tem aquela falta dos seus pés se estalando).