17.11.15

efeméride.


    amor é pena flutuando no ar. é coisa bonita de se observar e desaconselhável tocar com os dedos. você pode abrir a mão e acompanhar seu movimento de descida vagarosa, com a palma estatelada para cima, esperando que ele caia ali. mas basta uma respiração descompassada pra que ele novamente vá embora.
    amor é óleo de rícino. bonito de ver se despejar à distância. difícil engolir pela garganta, mas te ensinaram que faz bem à saúde e por isso você toma mesmo quando achava melhor deixar pra lá.
    amor é coisa que não se põe a mão. papel de arroz, suor no lado de fora do copo, dente-de-leão. é um punhado de purpurina em cima da mesa, ar rarefeito e tudo que é mais fácil olhar de longe.
   ontem mesmo tinha um amor imenso sentado nesse banco ao meu lado. estado líquido pleno para preencher cada fissura de dúvida que restava. mas aí evaporou.