9.10.15

quando não importa que não importe paris.

Olhei de longe e te achei diferente de tudo que já tinha conhecido. Diferente de tudo que toquei com as pontas dos dedos e de mim. Toda a curiosidade do novo pulsando em viagens diárias através daquela baía. Minhas sempre presentes arestas tentaram assustar os planos, mas você poliu cada quina do meu rosto com um beijo e elas foram embora.
Você me olhou e foi tudo mais ou menos igual. Foi engraçado segurar nas mãos aquele bichinho arisco tantos meses. Cantou baixinho pra acalmar os medos e dedilhou no violão uma rotina doce. Só que aí você olhou de novo. Com o que falta, o que sobra, o que esquenta em maior frequência, o que sou e sempre fui. E me achou diferente de tudo que já tinha conhecido. Diferente de tudo que tocou com as pontas dos dedos. E sentiu neles estes cantos que me confortam e agora te afastam. As arestas tentaram assustar os planos e você falou dos nossos filhos. E a palavra quando sai da boca ganha corpo e forma. Aí o assustado era você. Ali estava a face que não via, a alma feita de covardia. Me prendeu os pés e partiu sem a delicadeza do adeus.


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