12.10.16

soneto da chuva.

quando sentei pra conversar com a chuva
ela me mostrou um mundo enorme
cada pingo se prendeu ao meu corpo
feito vaidade do céu desforme

tenho esse dom dos olhos dos outros
que me deu um coração encravado
quebro nas primeiras frases
aquele futuro sem ter começado

é que esse silêncio eu conheço
é onde o medo faz seu lar
o desvio dos olhos vem cedo
numa luta para não começar

em cada não-dito fica claro
que um ontem existiu pra nós dois
mas veio sem aviso o encaixe
com toda essa vontade do depois

e agora que não te sei ainda
queria poder dizer essas coisas
que talvez te espere pra falar assim

mesmo agora que sou singular,
mesmo agora que nos dói entrar,
você pode repousar seu amor em mim




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